Há 28 anos, num dia 25 de julho, foi organizado o primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana. O grupo se reuniu para discutir sobre machismo, racismo e as formas de combatê-los. As mulheres negras são as principais vítimas de casos de crime de ódio contra indivíduos do sexo feminino. Os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019 mostram que 61% das que sofreram feminicídio no Brasil eram negras. Marcas que fortalecem as organizações voltadas às mulheres negras e trazem maior visibilidade para sua luta, geram proximidade e identificação com o público que, ainda hoje, se vê invisibilizado na mídia.
Mas qual a importância de um posicionamento de marca alinhado à questões discutidas há 28 anos atrás?
O período atual de pandemia e de isolamento social acelerou o movimento dos consumidores, que se interessam pela atuação das marcas, seus valores e o que promovem para a toda a sociedade. Um exemplo foi o questionamento sobre como as empresas se posicionaram (ou não) no caso George Floyd. Engajar-se contra o preconceito, seja ele de qualquer origem, é fundamental quando falamos de empatia e compromisso social, que também pode ser compreendido como posicionamento cidadão da marca.
É interessante observar a tentativa de muitas marcas de se apropriar de questões sociais ou ambientais, sem efetivamente mudar sua essência e práticas de negócio – o que pode transformar ações em enormes fiascos e causar prejuízo à reputação. Para 60% dos brasileiros, marcas usam questões sociais apenas para vender mais, segundo pesquisa In Brands WeTrust 2019. O consumidor está de olho!
StoryDoing
Storydoing é o processo de colocar em prática o que é contado. A marca deve construir e viver as histórias que são replicadas aos consumidores. É importante expor uma relação direta sobre o que é mostrado e sobre o que a marca tem atuado. Enquanto o storytelling foca em contar boas histórias, o storydoing visa construí-las, com o profissional (ou empresa) vivendo, de verdade, os valores que prega e defende.
Tereza de Benguela
Dia 25 de julho é também Dia Nacional de Tereza de Benguela. “Rainha Tereza” viveu na década de XVIII no Vale do Guaporé, no Mato Grosso. Ela liderou o Quilombo de Quariterê após a morte de seu companheiro, José Piolho, e chegou a abrigar mais de 100 pessoas, aproximadamente 79 negros e 30 índios. O quilombo resistiu da década de 1730 ao final do século. Tereza foi morta após ser capturada por soldados em 1770. Ao ver sua foto estampada em alguma campanha voltada para mulheres negras, pergunte-se sobre como essa marca estimula a representatividade feminina e como combate o racismo e machismo.
Chega de silenciar as Mulheres Negras
Fundada por uma mulher negra, a Target estimula e atua em projetos que visibilizam iniciativas que empoderam mulheres, que ainda enfrentam muitos obstáculos para se firmarem no mercado de trabalho – sobretudo nas mídias e no mercado da comunicação. Vamos tomar um café e falar sobre Ruth de Souza, Conceição Evaristo, Dandara e Mãe Stella de Oxóssi?