25 de abril de 2018 | por Felipe Martins
As redes sociais não são (e nem devem ser!) só lazer

Milhões de pessoas são usuárias das redes sociais atualmente, em todo o mundo. Além de informar, compartilhar opiniões sobre produtos e serviços, se conectar com seus amigos e acompanhar empresas e personalidades, as redes têm sido usadas, principalmente nos últimos anos, como uma ferramenta de mobilização social.

Foram diversos exemplos recentes que mostraram a força das redes sociais e como elas são usadas para mobilizar milhares de pessoas acerca de um mesmo tema ou causa. A chamada Primavera Árabe, movimento revolucionário ocorrido em 2014 contra os governos autoritários no Oriente Médio e no norte da África, foi largamente disseminado e ganhou a força que teve através do Facebook e principalmente do Twitter. Essas plataformas foram utilizadas para o compartilhamento de informações sobre os protestos e para convocar para manifestações. No Brasil, podemos lembrar as manifestações contra o aumento das passagens de ônibus no Rio de Janeiro, que ganharam força e se transformaram em protestos contra os governos municipal, estadual e federal. Através das redes sociais, organizadores criaram eventos para chamar as pessoas para irem às ruas.

Mais recentemente, o caso dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do seu motorista Anderson gerou uma enorme comoção nas redes sociais, fazendo o caso ter repercussão internacional. De acordo com o Laboratório de Estudos de Internet e Cultura, da Universidade Federal do Espírito Santo, nas 42 horas seguintes, mobilizaram 400 mil usuários do Twitter em 54 países e 34 idiomas. A hashtag #MariellePresente ficou entre as mais usadas no mundo. Milhares de pessoas foram às ruas no Brasil de luto pela morte da vereadora, conhecida por lutar pelos direitos das mulheres, pela população negra e pelos moradores de favela. Um mês após a execução, as redes sociais são usadas para cobrar a elucidação do crime.

Como produzir conteúdo ligado aos direitos humanos?

Esse poder fez com que as redes sociais se tornassem uma plataforma fundamental para a promoção de temas ligados aos direitos humanos. Porém, é necessário um cuidado extra na hora de produzir conteúdo ligado a assuntos tão delicados como esses. O conteúdo precisa ser adequado e respeitar as especificidades relacionadas ao tema. Já a linguagem utilizada pode variar de acordo com a página, empresa ou organização que está falando. Entre 2011 e 2016, tivemos o desafio de gerenciar a página do Programa Estadual Rio Sem Homofobia. A fan page chegou a ter 200.000 curtidas e um grande engajamento, sendo utilizada para promover o programa, suas ações e eventos, além de repercutir assuntos relacionados à cidadania e promoção de direitos da população LGBT. Com uma linguagem mais informal, a qual conversava melhor com o seu público-alvo, as publicações traziam as últimas novidades sobre os direitos LGBTs no mundo, homenageava artistas e personalidades que se posicionavam a favor dos direitos dessa população e destacavam as datas mais importantes dessa luta.

Como saber o que estão falando?

Um bom monitoramento, com mapeamento de palavras-chaves, sentimento e engajamento permite que uma organização tenha real dimensão do alcance de um determinado fato e qual a melhor forma de se posicionar. Mas, além disso, é fundamental que as organizações saibam quando falar, qual o momento certo de se posicionar sobre determinados assuntos. Não é interessante que a organização se posicione sobre tudo, pois corre o risco de perder sua relevância e ainda ser tachada de oportunista.